A LUTA NO VALE DO SÃO FRANCISCO POR MELHORES SALÁRIOS NO SETOR DA FRUTICULTURA
As trabalhadoras e trabalhadores da hortifruticultura do Vale do São Francisco (VSF) – que compreende municípios da Bahia e de Pernambuco – estão mobilizados(as) na sua 28º Campanha Salarial, juntamente com a CONTAR, as Federações dos dois estados e os sindicatos das bases. Desde fevereiro/2022, a categoria vem se reunido com a bancada patronal no intuito de reivindicar melhores condições de trabalho e salário digno, que lhes possibilite alimentar suas famílias e sustentar seus filhos e filhas.
Atualmente, cem (100) mil famílias trabalham no setor da hortifruticultura na região. A atividade econômica tem movimentado milhões de reais anualmente, sendo o VSF um dos principais produtores de manga e uva do Brasil, com foco na exportação. Em 2021, aquecidos pelo aumento da demanda mundial de frutas, os dois estados exportaram quase 321 toneladas de mangas e uvas frescas, gerando uma receita de US$ 380,6 milhões, segundo dados da Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais (SECINT). Esse faturamento representa um aumento de 16,8% em relação ao ano de 2020.
Apesar do resultado, o patronato tem resistido às propostas da categoria, mesmo àquelas que não trarão impactos econômicos. Por outro lado, tem apresentado cláusulas de regressão aos direitos das trabalhadoras e trabalhadores, como: salário abaixo da inflação (com valor de R$ 1.230,00 – reajuste de 7,20% ou 71% da inflação da data base); alterações no número de delegados(as) sindicais; ampliação do intervalo de idade para aplicação de agrotóxicos (de 45 para 60 anos, para o aplicador costal, e de 55 para 60, para o aplicador tratorista).
A realidade das assalariadas e assalariados rurais, é chegar na metade do mês e encontrar sua dispensa vazia. Especialmente no atual cenário de carestia, de alta no preço dos alimentos, gás de cozinha e combustíveis, a categoria tem lutado para que seu salário seja pago até o 2º dia útil de cada mês, além do direito a um auxílio compras, no valor de R$220, e de um auxílio gás, no valor de R$70.
A categoria deseja evoluir na negociação e ainda aposta na força do diálogo da Campanha Salarial. Mas, em razão das ameaças de retrocessos, as negociações foram temporariamente suspensas durante a sua 5ª rodada, em março/2022, para ouvir a base e exigir respeito patronal na condução do processo. Os trabalhadores e trabalhadoras da hortifruticultura, que não pararam em nenhum momento da pandemia, avaliam que, por serem centrais na produção de riquezas do setor, devem ser melhor reconhecidos(as) e valorizados(as).
A Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras Assalariados Rurais (CONTAR); Federações dos Trabalhadores e Trabalhadoras Assalariados Rurais de Pernambuco (FETAEPE) e da Bahia (FETAR); Sindicatos dos municípios de Abaré, Curaçá, Casa Nova, Juazeiro, Sobradinho (BA); Belém do São Francisco, Inajá, Lagoa Grande, Petrolina e Santa Maria da Boa Vista (PE); Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese); Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB); Central Única dos(as) Trabalhadores(as) (CUT) e Comissão Pastoral da Terra (CPT), acompanham e participam ativamente do processo de negociação da 28ª campanha salarial.
TODO APOIO A LUTA DOS ASSALARIADOS E ASSALARIADAS DA FRUTICULTURA DO VALE DO SÃO FRANCISCO.