Angelo Cavalcante*
O “Novo” Ensino Médio (NEM) e aprovado ainda na infame gestão de Michel Temer é uma “cloroquina educacional” ou seja, não forma, não qualifica, não educa e, sobretudo, não humaniza posto que seu alvo é justamente, a feitura e a manufatura de mão-de-obra barata, vil e em seu limite, quase dada.
Nada de novo no front… É o velho e rancento ódio de classe da elite brasileira acontecendo, apetecendo diante de nossas retinas; é a mesma, mesmíssima elite e que, não por menos, se situa dentre as piores castas e estamentos sociais e econômicos do mundo.
O NEM é um bloco sintético e chapado de disciplinas imposto às escolas públicas e médias do Brasil. É um rasgado descalabro técnico, pedagógico e educativo sob qualquer perspectiva e que se queira analisar.
Sob o olhar técnico faltou conceito, norma e padrões básicos de ajustamento; disciplinas importantes como Química, Biologia ou Física simplesmente desapareceram da matriz escolar e formativa; sobraram eivos, lembranças vagas acerca desses conteúdos.
O núcleo filosófico/histórico/sociológico de disciplinas simples e, tão somente, desapareceu; nada de análise do passado, da composição crítica do “ontem” com o “hoje”; o resgate de fatos, eventos e acontecimentos e que foram definitivos para o estabelecimento da horrenda contemporaneidade e que nos restou.
Nada!
Sob o olhar pedagógico desestimula, desmotiva e embrutece; faz do caro e custoso processo ensino/aprendizagem dos piores empreendimentos afetivos e emocionais e que a garotada – santo Deus – tem de suportar.
Não bastasse o bairro operário, a violência policial, a pobreza nossa de cada dia e o tráfico de drogas que tomou conta das “perifas” ainda tem o “Novo Médio” a acinzentar mais ainda, a vida de nossa juventude.
Sob o crivo educativo então… O NEM é a linguagem da submissão, é um placebo educativo de efeito social e importância nulas; inviabiliza planos, planejamentos; desintegra equipes docentes e possibilidades criativas; no figurino forma/função, é o disposto normativo que dispensa inventividade, criatividade e imaginação. Representa, ora, ora… A própria desconexão da escola com a comunidade, com suas famílias, com os estudantes e, sobretudo, consigo mesma.
Isso é o NEM; sua potência, sua lógica e seu trágico desiderato.
Saído do golpe e que derrubou a Presidenta Dilma Rousseff foi um aberto ataque orçamentário, educativo e, sobretudo, simbólico aos trabalhadores e aos seus filhos. É claro que bem sabemos que a educação é dispositivo central de mobilidade e ascensão social; o “Novo Médio” foi a poda, o castramento de qualquer real possibilidade de futuro aos filhos do trabalho.
Como dito… Coisa da fascista e escravocrata elite brasileira!
Agora… No meio, no embornal dessa patuscada, das piores coisas é ter que ver, ler e ouvir de tipos como o apresentador global Luciano Huck defendendo o que não se defende, pregando o que não se confessa, anunciando o que não se registra e sem peias na língua, se pondo a justificar esse “trambolho educacional”.
O sujeito, repara bem… Não é pedagogo, não é professor, não é gestor educacional, não atua em escolas, creches ou universidades; não tem pesquisa, estudo ou levantamento sobre os padrões do ensino médio brasileiro; jamais esteve em um congresso, seminário ou simpósio de educação; nunca discutiu com especialistas o real sentido do ato de educar em um país periférico e dependente como o nosso e… Ainda assim… Se põe a fazer loas ao tal do Novo Ensino Médio.
É de lascar!
Vejam bem…
…A máquina a vapor de James Watt foi o motor da Primeira Revolução Industrial, ali no século XVIII; para os dias de hoje… Esse motor tem nome, se diz EDUCAÇÃO boa, íntegra, de efetiva qualidade e em todos os níveis.
Enfim, não se improvisa com a EDUCAÇÃO e o futuro, esse deus impiedoso, não admite arremedos, gambiarras e “jeitinhos”.
O que digo e afirmo é velho: EDUCAÇÃO é investimento, pesquisa, planejamento e muito, muito trabalho técnico, pedagógico, científico e amoroso.
O global faz imenso e inestimável favor se ficar em silêncio, em profundo, imenso, intenso e tumular SILÊNCIO!
Pelo fim do NEM!
*Angelo Cavalcante – Economista, professor da Universidade Estadual de Goias (UEG), Itumbiara-GOIÁS