Eu ficava ansioso para compreender o porque da reunião secreta, nos fundos do Lyceu Paraibano; o ano era 1979, quando uma manifestação dos professores da rede estadual de ensino, me leva às ruas. Tome polícia, gritos e tentativas de abafar a manifestação dos professores. Apanhei um pouco e resisti na luta. Senti que estava verdadeiramente na DITADURA, mesmo sendo do ano da anistia política.
Essa manifestação foi a coroação do que eu já pensava em 1978, ainda no Instituto Dom Adauto, no bairro de Jaguaribe, onde eu e outros colegas já articulávamos um Grêmio Estudantil. Na Torre, participava dos movimentos dos Bairros, quando conheci lutadores como João Balula e outros.
O meu entendimento era real, pois sabia que tinham dois partidos políticos – ARENA e MDB – e que meu pai Tião Barbeiro era partidário da Arena, ou seja, não concordava com o que eu pensava em defender, e ele ainda era influenciado pelos seus amigos do poder, para evitar que eu me envolvesse em atos subversivos. Mas de nada adiantou. Eu sentia que estava vivendo uma ditadura, e com a turma do fundão do Lyceu Paraibano, catarolavamos músicas de Chico Buarque, e eu com tendência para tocar pandeiro, já fazia a percussão…
No acampamento dos Sem Terra de Camucim, eu era menor-aprendiz do Banco do Brasil. Um grupo de funcionários do BB resolveu promover atos solidários aos trabalhadores acampados na Praça João Pessoa. Meus olhos e meu sangue ardiam; fui também para o ato. Logo fui chamado pelo gerente administrativo do Banco, para reclamar minha ação. Confirma-se o período de repressão e falta de liberdade, mesmo pós-anistia e pré-abertura política. Nesse mesmo período, os partidários palacianos, reclamavam ao meu pai Tião Barbeiro, que eu estava em atos contra o governo, e estava mesmo. Recebi várias pressões, mas não abri mão do que acreditava, que seria a liberdade de manifestação e acima de tudo a luta pela democratização.
Ainda na década de 80, vivendo anos da DITADURA, participei de Encontros de Estudantes Cristãos e com minha entrada do Seminário Diocesano, fiquei ainda mais convicto das minhas ideias, com os estudos da Teologia da Libertação.
Até hoje sofro consequências dos atos praticados no período de dirigente estudantil com o conhecido “CASO PRAC” na UFPB, quando ocupamos a reitoria na luta pela melhoria do ensino e gratuidade do Restaurante Universitário. Há pouco mais de 3 anos, durante uma blitz rodoviária na BR 060, em Goiás, fui humilhado e coagido por um agente público, que encontrou no sistema INFOSEG, dados sobre minhas ações. Representei contra o agente público e vou solicitar a retirada dos meus dados desse sistema. Assim vivi os meus 48 anos, com a Ditadura e agora tentando ajudar a construir um país livre e democrático. Espero que até a COPA de 2014, quando também completarei 50 anos, o BRASIL tenha passado a limpo toda essa farsa da “revolução” e puna os tiranos, apresentando os resultados da COMISSÃO DA VERDADE!
LUIZ HENRIQUE, paraibano da Nação Torre, jornalista, reside em Goiás e continua na luta há 48 anos.