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A fotografia registra uma bandeira vermelha — “alto risco”, diz — cravada numa praia deserta. Outra captura o instante em que a equipe de um hospital treina a postura da garça, da ioga, num pátio de paralelepípedos. “Percorro o mosaico da nova vida/ com o corpo bem circunscrito”, dizem os versos de um poema. “Descobri que eu gosto mais de gente do que eu imaginava”, constata uma crônica.
Durante algumas semanas de 2020, uma equipe de diferentes institutos da Fiocruz convidou trabalhadores, estudantes e membros de instituições parceiras a enviarem expressões artísticas que tivessem produzido desde a chegada do novo coronavírus. O resultado é o livro Expressões artísticas durante a pandemia, lançado no dia 10 de fevereiro, em edição digital, pelo selo Edições Livres. Qualquer internauta pode ter acesso à obra, de forma gratuita, na plataforma Porto Livre.
São ao todo 100 trabalhos, que incluem expressões como fotografia, poesia, crônica, ilustração, colagem, pintura, aquarela, quadrinhos, letras de música, bordado. Obras criadas por artistas e profissionais já experientes em suas áreas, mas também — e sobretudo — por pessoas que têm profissões ligadas à ciência e à saúde.
Na luta
O livro tem como organizadores Valéria da Silva Trajano, Jonathan Oliveira, Mauro Campello e Antonio Gonçalves. É fruto da parceria entre a Coordenação do Curso de Pós-Graduação Ciência, Arte e Cultura na Saúde (CACS), do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), e o Multimeios, do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz). Teve financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).
“Esta obra traz em seu cerne expressões artísticas desenvolvidas por um grupo seleto, que durante a pandemia de Covid-19 esteve lutando, pensando e repensando como manter acesa a chama da vida”, destaca Valéria da Silva Trajano, coordenadora do CACS, na apresentação do volume. “Esse grupo de pessoas singulares, entre elas servidores, estudantes de pós-graduação e de instituições parceiras, compõe a comunidade da Fundação Oswaldo Cruz.”
Muitas iniciativas têm apresentado produções artísticas feitas durante a pandemia, mundo afora. A singularidade deste novo volume, porém, é reunir os trabalhos criados por pesquisadores, estudantes e profissionais que têm atuado numa instituição-chave para o enfrentamento da Covid-19.
“A ciência e a arte têm muito mais em comum do que nós podemos imaginar”, reflete Mauro Campello, programador visual do Icict. “O IOC tem uma linha de pesquisa em ensino não formal chamada ‘Ciência e Arte’ que estuda essa relação, e achamos muito interessante a possibilidade da produção de um material que expressasse o sentimento de pessoas ligadas tanto à Ciência quanto à Arte. Buscamos não influenciar os temas e técnicas usadas. Pelo contrário. Nossa intenção, com o projeto, foi oferecer uma experiência inesperada, que ilustrasse diferentes visões e sensações de quem tem vivido a pandemia.”
– FONTE Icict/Fiocruz