O nosso pragmatismo tem tirado muita gente dos sonhos. Somos “domesticados” na profissão e na rotina da vida, em perguntar e responder quase sempre as mesmas coisas, ou até mesmo não mudar a ordem das coisas para perguntar.
Uma noite de outubro, já no horário de verão, Gabriel, 5 anos, me chama e diz:
-Pai, fica aqui comigo…
-Já vou meu filho.
Já em sua cama, eu fiz questão de dividir o espaço e deitei com o pequeno. Mas não seria somente para deitar e sentir o cheiro e o calor do pai naquela noite de temperatura amena, o motivo seria uma séria de perguntas que estavam sendo elaboradas, na cabeça de um bom perguntador. E antes de fazer os questionamentos, ele lembrou: “Sonhei que você sempre me leva no Bosque do Café, lá naquele pé de jatobá”. Feito a introdução eis que aparecem as três indagações difíceis de responder, antes que o sono do questionador chegue, eis as questões:
1) Pai, tem escola para árvores?
2) Papai, onde é o fundo do mar?
3) Papai, porque pé de banana não dar manga? E completou: Eu adoro manga.
A ciência teria dificuldades para explicar, mas os sonhadores sempre terão facilidades para ouvir e entender, responder com precisão, jamais, no entanto ao final dos questionamentos, apenas o sono tomou conta do quarto penumbrado de uma segunda-feira de primavera…
TEXTO PUBLICADO NO BLOG CENSURADO em 23 de novembro de 2012.